Entrevista com o enólogo Enrique Tirado:

Entrevista com o enólogo Enrique Tirado:

“O DON MELCHOR 2018 CONSEGUE PRODUZIR AQUELA EMOÇÃO ÚNICA QUE SÓ PODE SER PERCEBIDA NOS GRANDES VINHOS E NAS GRANDES SAFRAS.”

Após o lançamento bem-sucedido da safra 2018 do Don Melchor, Enrique Tirado, gerente geral e enólogo da Vinícola, conta como é o processo de criação do Don Melchor e como a safra 2018 saiu uma “safra perfeita”. Você já trabalha há 25 anos na produção do Don Melchor. O que tem significado para você fazer parte da vida e da produção deste vinho tão emblemático? Sinto um grande orgulho em fazer parte da história do Don Melchor. Já ter feito 23 vindimas permite que você tenha uma abordagem diferente do vinho, você o sente como uma parte sua. No entanto, nada disso teria sido possível sem o trabalho excepcional da equipe que trabalha em Puente Alto. Eu só tenho que agradecer por todos esses anos. É uma equipe que valoriza muito o terroir, e todos estamos cientes da grande responsabilidade de termos que produzir um grande vinho todos os anos. A criação do Don Melchor é bastante particular e difere muito da criação de outros vinhos. Você poderia contar em que consiste esse trabalho? O Don Melchor é um assemblage de Cabernet Sauvignon do nosso vinhedo que também pode incluir uma pequena porcentagem de Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, como aconteceu na safra 2018. O vinhedo se divide em lotes que produzem uvas com diferentes características, e nós vinificamos cada lote separadamente. Degustamos mais de 150 amostras para determinar o blend final, e nenhum componente pode constituir mais de 60 ou 70% do vinho. Todos os anos eu levo todas essas amostras a Lamarque, um vilarejo de Médoc, na França, onde me reúno com Éric Boissenot e definimos o blend final. A família Boissenot tem um papel fundamental na arquitetura do blend, que muda de um ano para o outro; cada ano criamos um novo Don Melchor. Qual você diria que é o objetivo principal do Don Melchor ao longo de todos esses anos? A filosofia e o objetivo final do Don Melchor sempre foram muito clara desde o princípio: fazer um vinho que expresse realmente seu terroir –a influência da cordilheira dos Andes, seus solos pedregosos, os lotes de Cabernet Sauvignon, entre outros aspectos. Este sempre foi o nosso norte, um ano após o outro, em cada um dos blends. Conte um pouco sobre a safra 2018. A safra 2018 é uma das grandes safras na história do Don Melchor, na qual a vindima transcorreu em condições praticamente ideais. A primeira parte da temporada se desenvolveu com uma boa quantidade e concentração de precipitações, entre os meses de maio e outubro de 2017. O período posterior foi mais seco, o que permitiu que os solos mantivessem uma reserva hídrica muito boa, favorecendo o bom crescimento dos brotos. Na primavera, a partir do mês de novembro a temperatura subiu significativamente, permitindo que o pintor dos cachos se desenvolvesse rapidamente e de maneira mais concentrada, antecipando uma boa homogeneidade no amadurecimento dos cachos. Na segunda metade do período de amadurecimento, as baixas temperaturas noturnas dos meses de março e abril contribuíram para atingir um amadurecimento muito bom na colheita, conservando toda a expressão de fruta e um excelente amadurecimento dos taninos. A colheita, realizada principalmente no mês de abril, teve praticamente ausência de precipitações, temperaturas quentes durante o dia, mas noites bastante frias, o que foi ideal para a safra pois permitiu colher a uva no momento certo após ter acompanhado muito de perto cada um dos lotes do vinhedo. Essas condições excepcionais do clima, combinadas com os solos aluviais e de origem vulcânica do vinhedo, que permitiram uma boa drenagem e baixa fertilidade, mais os outros dois elementos indispensáveis que são a equipe e o vinhedo com suas cepas tornaram possível obter a safra que temos agora. Estou convencido de que, para fazer vinhos únicos, estes são os quatro elementos que devem interagir com perfeição. O que faz com que o terroir de Puente Alto seja tão especial? O vinhedo Don Melchor está localizado sobre o terceiro desnível aluvial, que é o mais antigo e complexo do rio Maipo. Ele se caracteriza por ter um solo pedregoso em todo o perfil, para então, em profundidade, apresentar uma grande quantidade de minerais, argila, seixos e limo resultantes da erosão milenar que a região sofreu. Esses solos, aluviais e de origem vulcânica, possibilitam uma boa drenagem e uma baixa fertilidade –o que contribui para restringir o crescimento vegetativo das plantas–, formando um desnível de caráter único que permite produzir vinhos particulares e complexos, como é o caso do Don Melchor. Além disso, é muito importante a influência fria dos Andes, que se manifesta sob a forma de brisas frescas e de uma ampla oscilação térmica durante o período de amadurecimento. Esta característica favorece o amadurecimento dos taninos e ajuda a obter uma acidez equilibrada, mostrando fruta vermelha fresca e uma maior concentração de cor e aromas nos cachos. Todas essas características se conjugam perfeitamente para obter a máxima qualidade expressada no vinho. O que significou para você ser qualificado com a nota perfeita por James Suckling? Como eu comentei antes, a perseverança na busca pela melhor expressão e pela melhor qualidade nos permitiu obter na safra 2018 aquilo que chamamos de uma safra perfeita. Os vinhos são muito expressivos, com o amadurecimento exato, resgatando toda a expressão da fruta do Cabernet Sauvignon e do Cabernet Franc. Vinhos concentrados, mas com taninos muito suaves e elegantes, vinhos que mostram diferentes camadas de aromas e sabores que, ao uni-los no blend final do Don Melchor 2018, conseguem produzir essa emoção única que só pode ser percebida nos grandes vinhos e nas grandes safras. Sem dúvida é uma grande honra. WINE ENTHUSIAST DESTACOU O DON MELCHOR 2017 ENTRE OS TOP 10 CELLAR SELECTION DO ANO A safra 2017 do Don Melchor obteve um extraordinário reconhecimento na revista norte-americana Wine Enthusiast. A publicação classificou a safra entre os Top 100 Cellar Selection de 2020, posicionando o vinho Don Melchor entre os 10 melhores, com a sexta posição. Esta destacada menção vem consolidar a liderança indiscutível do Don Melchor e seu posicionamento como um vinho excepcional, capaz de expressar o magnífico terroir do Alto Maipo e de situar os vinhos chilenos no patamar superior do segmento a nível mundial. O crítico Michael Schachner, que qualificou a safra com os destacados 95 pontos, descreve a safra como “um vinho de nariz cheio e condimentado, que está repleto de aromas defumados, torrados de carvalho e aromas de frutos pretos terrosos. Um paladar maduro, pleno e mastigável é sentido de forma suave, enquanto que este clássico Cabernet de Puente Alto no vale do Maipo tem sabor de café, chocolate delicioso, especiarias torradas e amora. Um final exuberante e atrevido. É prolongado, o que indica que envelhecerá bem.”,